Relato de Experiência Fiocruz/ BIREME/OPAS/OMS

Relato de Experiência Fiocruz/ BIREME/OPAS/OMS Em álbum interativo com slides e áudios online: https://www.familysearch.org/photos/gallery/album/1049792?playSlideshow Em texto resumido: https://www.familysearch.org/photos/artifacts/155345899?cid=mem_copy História da Escola de Abordagem Terapêutica Intercultural Brasileira Sistêmica de Pics: https://www.familysearch.org/photos/artifacts/155437740?cid=mem_copy

Relato de Experiência "APS Forte"

*Relatório Sistêmico do Laboratório de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Lab-Pics) em 2022* Encaminhado para o prêmio "APS Forte" OBJETIVOS Objetivo Geral Expandir ações da Escola Sistêmica Híbrida de Santa Cruz Cabrália para ofertar cursos, vivências e capacitações de desenvolvimento pessoal e harmonização com a filosofia sistêmica. Objetivo Específico 1 Oferecer inicialmente oito módulos opcionais, com certificação aos participantes, de auto-cuidado, formação de reiki, toque sistêmico, comunicação sistêmica, prática corporal sistêmica, meditação sistêmica, cuidado sistêmico e prática circular sistêmica. 2 Oferecer suporte online através de rodas virtuais nas redes sociais, ligados ao Programa Voluntário de Apoio e Promoção de Saúde Integral. 3 Registrar atividades em conformidade com o laboratório sistêmico ligado ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde da Universidade Federal do Sul da Bahia. 4 Realizar atividades intersetoriais de correlação entre as secretarias de saúde, educação, desenvolvimento social, turismo, cultura, meio ambiente e qualquer outra do interesse da gestão. 5 Realizar vivências terapêuticas com profissionais da prefeitura, cuidadores, trabalhadores das empresas cadastradas na escola sistêmica. MÉTODOS A divulgação e ofertas dos cursos oferecidos foram realizadas na plataforma do Programa de Apoio e Promoção de Saúde Integral, onde também ficaram arquivadas algumas das postagens e documentários produzidos, através de arquivologia digital em nuvem gratuita. As aulas sistêmicas foram executadas via sala no aplicativo gratuito google meet, após divulgar o link nos grupos virtuais institucionais específicos, onde foram reunidos os contatos matriculados nos cursos, nos aplicativos telegram e whats app. O controle do desempenho dos discentes foi feito via planilhas digitais do google, sempre monitoradas pela gestão e por cartões de aprazamento, registrados à mão pelos discentes e rubricados pelo docente após o cumprimento das tarefas. As apresentações, seminários, conferências, oficinas e demais eventos online da rede foram divulgados e realizados através da mesma plataforma e rede virtual. Foi realizado acolhimento e cadastro online através de bancos de dados gratuitos do google, seguido de apoio e acompanhamento através das dinâmicas e anúncios de eventos das rodas virtuais. Foi construída planilha do google com informações sobre o público alvo coletadas por esforços voluntários. Foram promovidas reuniões regulares online ou presenciais com as secretarias envolvidas, de acordo com as possibilidades da gestão. As vivências foram realizadas sob a supervisão do Serviço Social e Enfermagem do NASF/Npics de Santa Cruz Cabrália, tanto no seu respectivo Espaço físico dentro da Clínica Municipal de Reabilitação e Fisioterapia, quanto virtuais e nos Espaços cadastrados no Programa de Saúde Integral, como o Espaço Korihé, Instituto Terra Máter, Espaço Flor de Lótus, Vila Criativa e Base de Canoagem Havaiana da CPP Extreme. Nas redes sociais como whatsapp e Google meet, foram utilizadas a condução de oficinas de auto massagem, meditação reikiana e sistêmica, a abordagem integrativa indígena Korihé, assim como a Terapia Comunitária Integrativa e a Constelação Familiar Sistêmica. As abordagens em Grupo utilizaram os espaços virtuais do whatsapp, facebook, youtube e instagram do Programa Voluntário de Promoção de Saúde Integral, que já atua em parceria online com a Prefeitura de S. C. Cabrália há vários anos. Por conta das demandas dos atendimentos na pandemia, iniciei a realizar abordagens através de listas de transmissão com contatos de moradores cadastrados em Cabrália, divididos entre os temas solicitados, ainda em construção coletiva (Pics em geral, emagrecimento, realização profissional, dor crônica, relacionamentos saudáveis, resiliência, controle da raiva e agressividade, angústia espiritual). Com relação aos atendimentos presenciais, onde foram pactuados e desenvolvidos Projetos Terapêuticos Singulares (PTS), com a equipe do Nasf e foram acolhidos alguns casos, com sessões terapêuticas sistêmicas. Relatando um pouco mais a respeito dos métodos adaptativos que utilizamos, buscamos priorizar o uso das redes sociais e outros recursos à distância, que conseguissem abranger os princípios da atenção psicossocial. Os técnicos da estratégia de saúde da família e o atendimento online dos psicólogos conseguiram rastrear e captar muitos dos casos que não conseguiram desenvolver a autonomia da cura com medidas caseiras para a resiliência emocional. Alguns precisaram arriscar-se à atendimentos presenciais na Sala do Nasf, na Clínica de fisioterapia, que foram desenvolvidos uma ou mais vezes por semana, quando solicitado pelo Serviço social, em casos prioritários, ou nas Unidades de Saúde da Rede e nestas circunstâncias, em casos classificados como necessários para desenvolvimento de Projeto Terapêutico Singular, foram introduzidas Pics em associação à abordagem psicológica, como exemplo a Auriculoterapia da Medicina Tradicional Chinesa, Shiatsu, Constelação Familiar Sistêmica e Imposição de Mãos/Reiki presencial ou à distância. Foram atendidos presencialmente alguns casos encaminhados, acompanhados pelos Psicólogos, Patrícia e Anderson, com sessões terapêuticas. Foram encaminhados alguns casos também pelos médicos e odontólogos, para avaliações sobre sessões de reiki ou constelação sistêmica. Foram atendidos presencialmente alguns casos, que não aderiam ao atendimento com a psicologia. Foram atendidos casos do Programa "Cuidando do Cuidador", onde não foram abertos prontuários, pois os servidores envolvidos desejavam que não houvessem registros. As sessões terapêuticas sistêmicas presenciais foram executadas para um grupo de pessoas, que nos forneceram o cartão SUS, e receberam acompanhamento diário ou semanal através de rodas sistêmicas no Whats App, tanto do voluntariado do Projeto Social parceiro, quanto grupos criados pela equipe do Nasf, com o propósito de educação popular, incluindo as Pics. De forma sistêmica, foi expressa profunda gratidão, tanto aos gestores, quanto à todas nossas equipes da rede APS e especialmente pela entrega dos que receberam nossos cuidados, científicos, holísticos e tecnológicos. RESULTADOS Do ponto de vista técnico-científico, o ano foi especialmente importante, pois conseguimos expandir ações da monitoria do Grupo de Estudos e Pesquisas em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde da Universidade Federal do Sul da Bahia para a Atenção Básica, adaptando o uso conjunto destas técnicas à novas associações com a abordagem da Psicologia da ACP e da TCC (No Caps, já havíamos integrado as Pics à psicologia transpessoal, à Fisioterapia e ao Serviço Social), assim como à Educação Física. Continuar otimizando a associação das 29 pics cadastradas pelo Ministério com outras abordagens e as intervenções da equipe interdisciplinar, também é uma das metas do Lab-Pics para 2022. A partir do momento em que foi inaugurada a Clínica de Reabilitação e Fisioterapia, com uma sala para o Nasf, as forças, atenção e energias tanto da Enfermagem e Serviço Social do Nasf/Npics como de alguns voluntários e estudantes da Escola Energético- Sistêmica que foi organizada pela Atenção Básica, estiveram voltadas ao desenvolvimento das atividades do Laboratório Sistêmico de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Lab-Pics). Foram ministradas aulas teóricas online e práticas vivenciais de um curso de reiki, toque terapêutico Sistêmico e integrativo, para profissionais, voluntários e usuários do SUS. Foram formadas classes para estudar e praticar aspectos da abordagem sistêmica, como a comunicação, meditação, práticas corporais e cuidado sistêmico. Foram alcançados excelentes resultados, como mérito de um belo esforço coletivo e não egóico. Em meio à uma verdadeira "batalha invisível", a um "combate emocional", vivenciado por nossos pacientes, ainda em período pandêmico, conseguimos coletar explêndidos relatos e evoluções bem sucedidas em casos que foram atendidos utilizando Pics através da internet e especialmente em alguns casos, atuando ao lado da Assistente Social e a Psicóloga do NASF e os demais psicólogos, da Policlínica e Caps. Nossa profunda gratidão, Diego da Rosa Leal Enfermeiro e Professor Sistêmico Laboratório Vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde da Universidade Federal do Sul da Bahia (Npics/Geppics/UFSB) Prefeitura de Santa Cruz Cabrália

segunda-feira, outubro 24, 2016

PRECONCEITO RELACIONADO AOS PACIENTES COM DOENÇA MENTAL QUE FREQUENTAM O CAPS.

PRECONCEITO RELACIONADO AOS PACIENTES COM DOENÇA MENTAL QUE FREQUENTAM O CAPS.

posted Oct 19, 2016, 11:49 PM by Diego Leal 
Disponível em: https://sites.google.com/site/enfermagembrasilsae/classroom-news/preconceitorelacionadoaospacientescomdoencamentalquefrequentamocaps 
 
PRECONCEITO RELACIONADO AOS PACIENTES COM DOENÇA MENTAL QUE FREQUENTAM O CAPS. 

Brennda Rodrigues1 
@hotmail.com 
Bruna Tereza Dassiê* 
brunadassie@hotmail.com 

RESUMO 
Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de relatar o âmbito da saúde mental de pacientes brasileiros, que são usuários do Centro de Apoio Psicossocial – CAPS -, que por meio de diversas políticas públicas, implementações na Legislação e contribuições de grupos de defesa dos direitos desses pacientes foi possível a estruturação e expansão dessa rede extra-hospitalar, o objetivo deste artigo esta em analisar algumas determinações históricas que marcaram a construção histórica da psiquiatria, acerca da realidade enfrentada pela família e paciente usuários do CAPS, história esta que passou por diversas transformações no decorrer das últimas décadas, além de permitir observar e analisar suas diversas demandas sociais, de como eles são recebidos e tratados na sociedade, bem como os preconceitos por ela enfrentados em seu cotidiano. Este estudo justifica-se na importância de compreendermos o contexto que se configura a partir do que acima descrevemos, buscando contextualizar brevemente o tratamento dado ao sofrimento mental nas sociedades. Neste sentido, destacaremos a Política de Saúde Mental equiparada pelo Sistema Único de Saúde – SUS – que na atualidade é utilizada para o tratamento das pessoas que apresentam algum tipo de transtorno mental através de seus programas de reabilitação. Entendemos que tal procedimento facilitará uma melhor compreensão desse campo, colaborando assim, com a produção de elementos que ampliem e fortaleçam nossas considerações finais em defesa aos bons cuidados da saúde desses pacientes, frente à exclusão de qualquer tipo de preconceitos da qual possa acarretar a mais prejuízos à saúde dos participantes do CAPS (Centro de Apoio Psicossocial). Para a construção desta pesquisa optou-se por realizar uma revisão bibliográfica. A partir de referências de autores que se dedicaram a análise e reflexão da Reforma Psiquiátrica Brasileira e do Processo de constituição dos CAPSs, buscando recolher informações sobre o âmbito de inserção e o preconceito sofrido por esses pacientes. 


PALAVRAS-CHAVE: Saúde Mental. CAPS. Preconceito. Cuidados humanizados. 

INTRODUÇÃO 

O cuidado de um paciente com transtorno mental pode apresentar muitos desafios, tanto para a família, quanto para os responsáveis técnicos de entidades de cuidados. A falta do conhecimento familiar e da sociedade sobre o transtorno, leva ao reconhecimento e a possibilidade de um tratamento eficaz tardio do problema, ou então a negação de que há algo errado com o familiar até que os sintomas se transformam em algo insuportável de se lidar e é então neste momento que se procura ajuda. 
Para a família nem sempre é fácil lidar com alguém com transtorno mental, pois algumas vezes o doente trás uma serie de implicações, principalmente se esses precisam de cuidado em tempo integral, muitas vezes esse cuidador precisa deixar seu emprego, lidar com dificuldades financeiras e o pessimismo quanto melhora da doença além do sentimento de culpa, como uma tentativa de defesa alguns acabam tentando jogar a responsabilidade para um terceiro, procurando não somente uma ajuda mas uma internação que não vai melhorar nada o caso clinico do paciente muito pelo contrario tende a piorar, além do enfrentamento junto a uma sociedade preconceituosa e sem informação ao quadro real do transtorno mental. 
A grande parte da comunidade social não consegue perceber que o apoio dado ao familiar com o transtorno mental é fundamental para uma boa reabilitação psicossocial e que essa é a única coisa que trará realmente uma melhora significativa aos portadores do transtorno mental. 
O CAPS é uma unidade composto por diversos setores, de serviço aberto oferecido pelo SUS, local de referência destinada a acolher diversas pessoas e famílias com algum tipo de transtornos mental, psicoses, neuroses graves ou descompensações de comportamento, em alguns casos esses transtornos são facilmente relacionados com a atividade de tratamento para a inserção na sociedade, com a participação dos usuários e familiares, com a devida distribuição dos medicamentos, a relação com a rede básica e com as oficinas terapêuticas. Tornando-se este se tornou decisivo na consolidação de um novo modelo de tratamento e assistência à pessoa com distúrbios mentais pela sua localização estratégica nas regiões de apoio, pela política de cuidados e pela busca da integridade mental, agora cada vez mais integrado a Assistência Básica, através do Programa de Saúde da Família (PSF).  
Considerando-se a análise dos referenciais teóricos o CAPS constitui a principal estratégia do processo de reforma psiquiátrica, onde se tornou um elemento estratégico para a humanização do atendimento em saúde mental, fazendo com que em seu desenvolvimento e expansão faça surgir um novo modelo de cuidados a saúde mental no Brasil, estando cada vez mais próximo dos que dele necessitam. O papel do CAPS além de promover, a partir dos cuidados e da efetiva substituição do modelo hospitalocêntrico, é consolidar os cuidados para o tratamento das psicoses e do acompanhamento social, desenvolver a busca pela sua autonomia e cidadania, reintegrando-os a vida social, cultural e a convivência familiar, e como componente estratégico de uma política destinada a diminuir a ainda significativa lacuna assistencial no atendimento a pacientes com transtornos mentais mais graves com objetivo da exclusão total de preconceitos e a exclusão da falta de integralidade dos pacientes e de seus familiares, que são excluídos do contexto social, vistos como agressivos, perigosos e incapazes de convívio social através do processo de matriciamento.
Referencial Teórico 
No contexto histórico, durante muito tempo as pessoas que enfrentavam psicoses ou doenças associadas à saúde mental eram consideradas loucas, alienadas e eram largados nas ruas ou em nas precárias condições dos hospitais psiquiátricos, eram considerados seres desprovidos de quaisquer direitos, e excluídos do convívio em sociedade, sendo muitas vezes vítimas de abusos médicos ou de maus tratos de enfermeiros ou dos outros pacientes ali também internados. 
Foi só no início do século XIX que a loucura deixa de ser vista como um fenômeno moral ou divino e passa a ser considerada como uma enfermidade. O psiquiatra Francês Philippe Pinel propôs a criação de uma instituição para tratar a loucura, o que posteriormente deu origem à psiquiatria como um campo próprio da ciência médica. Surgem os manicômios ou asilos como espaços destinados ao “tratamento” da loucura através da prática da psiquiatria (PESSOTTI, 1944).   
Com o passar do tempo o modelo baseado na internação dos pacientes foi questionado através da chamada Luta antimanicomial e de outros movimentos da sociedade civil e de grupos de defesa dos direitos humanos. O conjunto desses movimentos originou a Reforma Psiquiátrica Brasileira, cujos ideais foram espelhados no modelo italiano. Este movimento defendia principalmente a desinstitucionalização dos usuários e o resgate da sua cidadania através de sua reinserção no convívio social (AMARANTE,1995):  
(...) a Reforma Psiquiátrica constitui-se como um “processo histórico de formulação crítica e prática, que tem como objetivos e estratégias o questionamento e elaboração de propostas de transformação do modelo clássico e do paradigma da psiquiatria”. 
O cuidado com a saúde mental envolve fundamentalmente o estabelecimento de uma rede de compromissos, com missão de dar um atendimento às pessoas que sofrem com transtornos mentais severos e persistentes, que luta a favor da vida e da formulação de estratégias necessárias para oferecer cuidados clínicos para que essa rede se efetive na reabilitação psicossocial. Conforme o disposto da Constituição Federal de 1988, a garantia da saúde implica assegurar o acesso universal e igualitário dos cidadãos, favorecendo o exercício da cidadania e da inclusão social com os serviços de saúde. 
Assim, em cumprimento ao disposto, o direito a liberdade representa a base do movimento de Reforma Psiquiátrica e antimanicomial, pois garante que o doente mental seja visto como cidadão livre e que deve ser tratado com respeito e dignidade (BRASIL, 2007). 
Outro ponto importante para a Reforma Psiquiátrica Brasileira foi o sancionamento da Lei Paulo delgado, Lei nº 10.216/01 após 12 anos de tramitação no Congresso Nacional. A lei dispõe sobre a proteção dos direitos dos acometidos de transtornos mentais e propõe a redução sistemática dos leitos psiquiátricos no país, apesar de não trazer claramente os mecanismos que seriam utilizados para este fim. O fato é que de meados da década de 90 até os dias atuais, há uma redução expressiva do número de leitos psiquiátricos no país (BRASIL, 2005). 
O movimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil é uma ação conjunta que deu inicio no contexto de redemocratização do país das esferas Federal, Estadual e Municipal e dos grupos e movimentos sociais que propôs a construção de uma rede de serviços e estratégias territoriais e comunitárias, solidárias, inclusivas e libertárias. O principal ideal do movimento está na luta pela reaproximação do acometido de distúrbios mentais do seu meio social, visa garantir o cuidado ao paciente e da sua reabilitação. 
Cuidados da Saúde Mental no Brasil 
A movimentação em torno da Reforma Psiquiátrica no Brasil começou a acontecer em 1970. Neste mesmo período, também acontecia outra importante luta social, o movimento sanitário, que visava uma reforma no modelo de saúde existente na época. Será essa reforma, denomina Reforma Sanitária brasileira, que dará origem ao Sistema Único de Saúde (SUS), um órgão do Governo Federal que é responsável por organizar e regular as ações e serviços de saúde de forma universal, pública e gratuita em todo território nacional, nas esferas federal, estadual e municipal, e no qual a Política de Saúde Mental brasileira está subordinada. 
No campo da atenção à saúde mental, observam-se, hoje, no Brasil, importantes transformações conceituais e operacionais, reorientando-se o modelo historicamente centrado na referência hospitalar para um novo modelo de atenção descentralizado e de base comunitária. Para a efetivação do novo modelo, a política de saúde mental está sendo implementada a partir de uma agenda comprometida com a promoção, a prevenção e o tratamento, na perspectiva da (re) inserção social e na produção da autonomia das pessoas (BRASIL, 2002). 
Aprovada em 2001 a Política de Saúde Mental brasileira instituída no Brasil pela Lei Federal 10.216, em favor da mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental que faz parte do SUS - Sistema Único de Saúde -, e como parte integrante deste, possui uma rede organizada de ações e serviços públicos de atenção à saúde mental. Visto que, o SUS é responsável por organizar e regular as ações e serviços de saúde de forma universal, pública e gratuita em todo território nacional. 
Guiada pelos princípios e visto que, o SUS é responsável por organizar e regular as ações e serviços de saúde de forma universal, ou seja, saúde como direito de todos e dever do Estado ele configura-se como programa de “acesso universal público e gratuito; integralidade das ações; equidade; descentralização e controle social das ações exercidos pelos Conselhos e Conferências Municipais, Estaduais e Nacionais a rede de atenção à saúde mental é composta pelos CAPS, Ambulatórios de Saúde Mental, Emergências Psiquiátricas, SRT, Centros de Convivência e a Saúde Mental na atenção básica, ligados ao Programa de Saúde da Família, trabalhando em conjunto com as equipes de Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde. 
Pacientes de Saúde Mental do CAPS  
O tratamento de pacientes fora de hospitais passou a representar uma alternativa mais humanitária e sua difusão originou uma rede de ações e serviços substitutivos ao modelo anterior. Assim, a Rede de Atenção a Saúde Mental Brasileira passa a integrar a rede de Atenção Básica do SUS, uma rede organizada de ações e serviços públicos de saúde criada no Brasil na década de 90. O SUS tem como principio básico o acesso universal público e gratuito aos serviços de saúde, bem a integralidade de ações e articulação com Conselhos Municipais, Estaduais e Nacionais de saúde (BRASIL, 2004). 
O transtorno mental é visto pelas famílias dos usuários do CAPS como um fator que afeta a vida do individuo como um todo, inclusive para a realização de atividades cotidianas, porém as dificuldades e as limitações que o transtorno mental pode causar nos seres humanos, estes merecem ser tratados com respeito e dignidade. 
O cuidado com o portador de transtorno mental é realizado em grande parte das vezes por suas mães e irmãs ou responsáveis mais próximos à criação, e é este mesmo núcleo familiar que se torna constantes ao atendimento no CAPS, já que este é um espaço que tanto a família quanto o portador pode encontrar ajuda, nesse espaço o familiar cuidador desabafa, conta suas angústias, cansaço e não somente como cuidador, mas também como pessoa. 
O impacto do transtorno mental na família está ligado à posição e a instrução da mesma. Um dos aspectos que os familiares mais evidenciam como típicos da loucura são os episódios de agressividade principalmente quando os portadores do transtorno esta em surto e esses familiares tem um grande temor de sofrerem algum tipo de agressão física, assim como correrem o risco de não receber proteção por parte da sociedade, onde sofrem preconceito e desprezo, outro fato que pode ser relatado é que os familiares se sentem sobrecarregados quanto ao cuidado com o portador do transtorno já que esses precisam de vigilância, como exemplo, para que tome corretamente suas medicações e não coloque sua vida em risco, por isso muitas vezes precisam abrir mão de seus empregos para cuidar do seu familiar precisando assim reorganizar sua rotina.  
Outro fator que preocupa os cuidadores responsáveis pelas pessoas atendidas nos CAPS, principalmente aqueles que já estão em uma idade avançada é que quando eles morrerem quem irá assumir o cuidado e isso acaba gerando uma grande angústia referente a destino do paciente. Ter familiares que se preocupam e cuidam dos seus parentes com transtorno mental, nem sempre é uma realidade, alguns só recebem apoio dentro do CAPS ou com outras pessoas de sua comunidade que acaba tornando-se grandes aliados. 
Dentro desta realidade o CAPS surge como aliado, onde se pode sintetizar como princípios fundamentais da articulação entre saúde mental e atenção básica/Saúde da Família:  
  • promoção da saúde;  
  • território 
  • acolhimento 
  • vínculo e responsabilização; 
  • integralidade 
  • intersetorialidade 
  • multiprofissionalidade 
  • organização da atenção à saúde em rede;  
  • desinstitucionalização 
  • reabilitação psicossocial;  
  • participação da comunidade;  
  • promoção da cidadania dos usuários. 
Os CAPS trazem como meta oferecer atendimento ambulatorial diurno, além de possuir capacidade de atender pacientes que apresentam intenso sofrimento psíquico, ou com distúrbios mentais graves. Durante as crises agudas ou que apresentem riscos para si ou para os demais, os pacientes são encaminhados para os hospitais-dia ou alguma unidade de emergência psiquiátrica para receberem os cuidados adequados, que possam garantir o desenvolvimento do meio terapêutico, para que o paciente não tenha que ser retirado do convívio com a sociedade, pois o exercício da convivência é visto como base da reabilitação psicossocial.  
Apoiada pela Lei 1.216/02, a Política Nacional de Saúde Mental busca expandir e consolidar o modelo de atenção à saúde mental aberto. O tratamento oferecido ao portador de distúrbios mentais deve ser de base comunitária, garantindo a livre circulação dos pacientes através dos serviços. Para este fim, há uma rede que conta com serviços e equipamentos variados tais como os Centros de os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III), além do Programa de Volta para Casa que oferece bolsas para egressos de longas internações em hospitais psiquiátricos, também faz parte desta Política (BRASIL, 2007b). 
Preconceitos Acometidos a Pacientes de Atendimento ao Caps 
O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) como já citado é uma instituição destinada a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca de autonomia, oferecer-lhes atendimento médico e psicológico. Sua característica principal é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu “território”, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida cotidiana de usuários e familiares, e minimizar os efeitos causados por uma sociedade intolerante e ainda preconceituosa. 
Segundo Bader (2002), a exclusão social é um processo sócio-histórico, que se configura pela repercussão em todas as esferas da vida social, mas sobressai como necessidade do eu, como sentimentos, significados e ações subjetivas. Destaca ainda que existem diferentes dimensões da exclusão, como a dimensão objetiva da desigualdade social, a dimensão ética da injustiça e a dimensão subjetiva do sofrimento. 
No caso da loucura, Szazz (1978) analisa que o processo de exclusão foi efetivado pela hospitalização em asilos; pelo surgimento da psiquiatria e dos psiquiatras, os quais passaram a ser os tutores dos considerados insanos e incapazes de convívio social. 
Antigamente e em tratamentos que eram considerados adequados, o setor psiquiátrico isolou o doente mental da família e da sociedade, colocando-o em hospital psiquiátrico considerado como uma instituição especializada, argumentando que o isolamento era necessário para sua proteção e a da própria sociedade, no contexto histórico, com esforços dos movimentos sociais pelos direitos dos pacientes psiquiátricos foi-se mudando relativamente esta realidade, mas é notório que a doença mental marca e estigmatiza os pacientes, suas famílias e suas gerações, os medicamentos psiquiátricos e todos os profissionais da saúde mental. 
Corroborando pesquisas, Barros (1994) afirma que a imagem do doente mental vem frequentemente associada de forma errônea a comportamentos violentos e agressivos e que os estereótipos de periculosidade e de incompreensibilidade do doente mental encobrem ou impedem que a situação de sofrimento seja superada. 
Essas representações reforçam infelizmente que o doente mental precisa ser afastado da sociedade e mantido sob o cuidado exclusivamente dos capacitados em cuidar, “os especialistas” e o ciclo familiar, retirando do doente a sua capacidade de se cuidar e de exercer sua cidadania, agravando assim o seu estado clínico e colaborando para a exclusão e continuação de uma sociedade preconceituosa quanto os envoltos a saúde mental. 
Desta forma a sociedade, bem como as famílias, está pouco preparada e amparada para receber o portador de transtorno psíquico, havendo ainda, uma lacuna com déficit entre o cuidado que se tem e o cuidado que se almeja ter em saúde mental. Por outro lado, diversos são os esforços empreendidos pelos serviços e por profissionais da saúde na busca por reverter à lógica de atenção à saúde mental, estabelecida na cultura do país, em que prevaleceu e ainda insistir em persistir, a exclusão e o preconceito. 
Consequências do Estigma/Preconceito contra doenças mentais: 
  • Menor prioridade para políticas de saúde no SUS 
  • 40% dos países Não têm políticas de saúde mental 
  • No Brasil apenas 2% dos gastos em saúde vão para a Saúde Mental 
  • Investe-se muito pouco em prevenção primária (consulta com psiquiátra em ambulatório) versus internações clínicas ou psiquiátricas em casos de crise. 
Outros médicos encaminham pouco ao psiquiatra por : 
  • Medo de “perder os pacientes” (“Dr. O senhor acha que sou louco?”) 
  • Duvidam da eficácia do tratamento 
  • Têm medo de estigmatizar/ rotular seus pacientes. 
  • O motivo mais comum para os pacientes não seguirem o encaminhamento para o tratamento é o medo do estigma da doença mental 
  • Quando há doença clínica associada a doença mental, há pior tratamento porque os clínicos tendem a acreditar que as queixas de sintomas físicos e sintomas são produtos de uma mente perturbada. 
  • Menos uso de recursos diagnósticos (pelos mesmos motivos acima) – queixas pouco valorizadas 
  • Maior mortalidade por Infarto do miocardio e Acidente Vascular Cerebral (AVC). 
  • O estigma agrava o estigma. 
  • 32% dos esquizofrênicos não são tratados no mundo e 58% no Brasil 
  • 50 % dos pacientes diagnosticados com esquizofrenia não remarcam nova consulta no Canadá (não se tem dados no Brasil) 
  • A baixa auto-estima em portadores de deonça mental, mesmo em remissão total, leva à baixas taxas de emprego formal, apesar da capacidade (não procuram emprego, ou não conseguem ser aceitos). 

DISCUSSÃO E RESULTADO 
A concretização da criação do CAPS vem colaborando com uma nova forma de conduzir ações nas políticas públicas de saúde mental no país, este é o resultado de uma mudança em relação aos conceitos quanto aos transtorno psicóticos, que passou a se desenvolver e modificar a partir da Reforma Psiquiátrica Brasileira, que é destacada como o processo de desinstitucionalização através da substituição dos hospitais psiquiátricos e asilos para uma rede de atenção diária à saúde mental que passa a experimentar uma importante expansão, com modelos mais democráticos e humanizados, o CAPS tornou-se elemento estratégico para consolidação de um novo modelo de atenção a saúde mental brasileira, com o propósito do cuidado especial e para cuidado humanizado, prevendo a inserção desses pacientes a sociedade. 
A atenção à saúde mental saiu da clausura dos manicômios e hospitais psiquiátricos e passaram a ocupar um novo “território”, com valor estratégico para a mudança do modelo de assistência, constituídos por relações familiares, entre amigos, vizinhos, trabalho, ou seja, defendendo a construção de uma política de saúde mental pela vida em sua plenitude de modo a possibilitar um número cada vez maior de trocas e de inserção social do indivíduo, buscando a integralidade de seus direitos e de sua autonomia, visando à descentralização de preconceitos no âmbito familiar, institucional e social. 
A proposta atual do CAPS é que o usuário seja articulado com a rede familiar, considerada uma unidade cuidadora e de cuidado, com função de dar suporte, e que dentre outros fatores, é responsável por promover o contato dos pacientes com os profissionais de saúde assistencialistas do CAPS, com ajuda para sua integração a sociedade, onde se torna necessário que deixem de ver os pacientes com doenças mentais, como alguém incapaz, um ser perigoso e instável, mas sim com olhar humanitário a um ser digno de respeito, capaz de trabalhar, de amar e de viver, onde o conceito de cidadania seja aplicado de forma integral. 
CONCLUSÃO 
Conhecer a história da Reforma Psiquiátrica e o surgimento dos seus frutos, assim como a criação do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é resgatar a história e a memória de lutas sociais por mudanças no cenário da saúde mental no Brasil, que denunciaram as péssimas condições de instituições que privavam o doente mental do convívio familiar e em sociedade, dificultando o seu processo de recuperação. 
Conclui-se que é importante a criação de centros de atenção e de investimentos pela esfera governamental para que haja expansão em todo o território nacional, com a finalidade de que os pacientes com transtornos mentais estejam cada vez mais próximos de suas famílias e da sociedade como um todo. Quando se expressa o modo como os CAPS e as Unidades de Saúde da Família (USF) devem ser integrados, recorre-se à construção de um Modelo de Redes de Cuidado, esta que é a rede básica de saúde um lugar privilegiado de construção de uma nova lógica de atendimento e de relação com os transtornos mentais, voltadas ao acolhimento, com estabelecimento de vínculos desses sujeitos peculiares.  
Por fim, com relação às percepções acerca do doente mental, observou-se que ainda existe uma atmosfera notadamente insatisfatória e visões estereotipadas negativadas, com sentimentos desfavoráveis em relação ao doente mental, que devem ser urgentemente excluídos do cunha da sociedade, onde a população que sofre de algum transtorno mental é reconhecida como uma das mais excluídas socialmente. 
ABSTRACT 
This work was developed in order to report the scope of mental health Brazilian patients who are members of the Center for Psychosocial Support - CAPS - which through various public policies, implementations in legislation and contributions rights advocacy groups such patients structuring and expansion of this network outside the hospital was possible, the objective of this article is to examine some historical determinations that marked the historical construction of psychiatry, about the reality faced by the family and patient users of CAPS, history that it has gone through several transformations over the past decades, besides allowing to observe and analyze their various social demands, as they are received and treated in society and prejudices faced by it in their daily lives. This study is justified on the importance of understanding the context as well from that described above, looking briefly contextualize the treatment of mental suffering in societies. In this sense, we highlight the Mental Health Policy treated by the Unified Health System - SUS - which currently is used to treat people who have some type of mental disorder through its rehabilitation programs. We understand that this will facilitate a better understanding of this field, thus collaborating with the production of elements that expand and strengthen our final remarks in defense of the good care of the health of these patients, against the exclusion of any kind of prejudice which may lead to more damage to the health of participants CAPS (Centre for Psychosocial Support). For the construction of this research it was decided to conduct a literature review. From references of authors who have dedicated themselves to analysis and reflection of the Brazilian Psychiatric Reform and the CAPS constitution process, seeking to gather information on the scope insertion and prejudice suffered by these patients. 
KEYWORDS: Mental health. CAPS. Preconception. Humanized care.Quebra de Página 
REFERÊNCIAS 

AMARANTE, Paulo. (org.). Loucos pela Vida: a Trajetória da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1995. 
Andrade, L. H. S. G. (1999). Epidemiologia Psiquiátrica: novos desafios para o século XXI. São Paulo. 
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