Introdução do Livro "As Linhas de Ação do Movimento de Promoção de Saúde Integral"
Quando conclui o curso de enfermagem em 2002, certamente fiz um bom trabalho com ajuda da minha orientadora. Meu trabalho foi recomendado para que eu escrevesse um artigo e eu não fiz. Mais tarde eu terminei minha pós-graduação e novamente meu trabalho foi bem sucedido e recomendado para que se escrevesse um artigo e eu não o fiz. Muitas vezes na Unesulbahia onde servi como docente, fui incentivado a escrever artigos quando eu era um orientador dos trabalhos de conclusão de curso e mais uma vez eu não fiz.
Porque será que eu não fiz?
Eu sei bem porque não o fiz...
Mas isso é tema de um outro trabalho.
Sem dúvida eu gosto de escrever, na verdade eu posso dizer que eu gosto da arte escrita e gosto da arte expressiva. Gosto da fala escrita, da expressão escrita da oralidade e da escrita terapêutica. Gosto de todas essas coisas, pois gosto de ser entendido, mas gosto mais ainda de entender a eu mesmo, enquanto me expresso. Poderia dizer também que eu gosto dos sentimentos que me preenchem ao escrever e disso posso ter a certeza que gosto muito. Na verdade para mim é mais correto afirmar que, quando escrevo e quando ensino me sinto mais perto de Deus, é como se eu estivesse orando. E observem que oração é uma das coisas que mais me preenchem e me deixam feliz. Quando leio as escrituras, eu me sinto muito bem mas quando eu ensino, me sinto melhor ainda. Posso dizer também que, quando eu crio alguma coisa me sinto mais perto de Deus me sinto pleno, me sinto feliz.
Eu me senti bem com todas as áreas da enfermagem que me permitiram criar. A consultoria externa que prestei, me tornou possível criar mais plenamente, logo em seguida veio a docência que me tornaram possível criar de forma muito mais intensa do que eu já havia feito até então, mas foi a atividade na internet e as abordagens terapêuticas que me fizeram alcançar a plenitude do meu potencial de criação até então. Me deixaram mais feliz e realizado do que eu já havia esperimentado em minha vida.
É sempre bom buscar entender o surgimento das linhas de ação do Movimento de Saúde Integral.
Eu não acredito que eu tenha criado-as, nem meus alunos, acredito apenas que nós enxergamos as possibilidades, olhamos para o invisível. Nós vimos, na verdade, aquilo que já estava lá, nós percebemos dentro das atividades dos Caps, das Unidades de Saúde da Família, nas Escolas, nas Ongs, na internet, o que já era feito e parte do que precisava ser feito, individualmente, em família ou em grupos. Nós percebemos que era necessário ir além de atendimentos individuais, mas que as famílias precisavam ser atendidas como um sistema interligado com vários outros micro e macro sistemas. Percebemos o quanto estes múltiplos sistemas estavam emaranhados. Percebemos que rodas de conversa informais, educativas, mas em formato popular, eram a forma mais eficaz, eficiente e efetiva para conseguir acompanhar os cidadãos, tanto os que eram usuários físicos da rede de atenção psicossocial, quanto os internautas a níveis cada vez mais profundos, intensas e resolutivas abordagens terapêuticas, que resultassem em maior qualidade de vida, desenvolvimento pessoal, auto realização e felicidade.
Vou resumir estas linhas de ação, para tornar mais fácil o entendimento.
A linha de ação 1 trata de incentivar o uso da tecnologia para promover saúde.
A linha de ação 2 trata de promover o fortalecimento da rede de atenção psicossocial.
A linha de ação 3 trata de fomentar a realização da educação popular em saúde integral, tanto individualmente, quanto em rodas presenciais ou pela internet...
A linha de ação 7 trata de promover cidadania...
A linha de ação 8 trata de incentivar a promoção da cultura, música, a valorização e contemplação da natureza e as artes...
A linha de ação 9 trata de melhorar o cuidado e o autocuidado através de práticas integrativas e complementares em saúde, como a auriculoterapia, a constelação familiar, o reiki, a terapia comunitária integrativa e muitas outras...
Sobre a eficácia da Terapia Integrativa Indígena Korihé, trata-se de uma abordagem terapêutica tipicamente brasileira, baseada nos saberes tradicionais dos povos originários, buscamos trazer um foco especial.
A Saúde comunitária integrativa indígena é a principal abordagem terapêutica do Programa de Promoção de Saúde Integral, uma prática integrativa e complementar desenvolvida pelo Prof. Ubiraci da Silva Matos (Ubiraci Pataxó), associando os conhecimentos que obteve, como um dos principais alunos do Prof. Adalberto Barreto de Paula, como um Terapeuta Comunitário Integrativo do Projeto Quatro Varas, Técnico de resgate da auto-estima e massoterapeuta ao conhecimento indígena de seus Pajés ancestrais, ao qual denominou de "KORIHÉ" (cuidado, em Patxohã, a língua Pataxó).
Este cuidado inovador e eficaz inclui nas rodas terapêuticas: #oralidade, através de narrativas, contação de histórias (storytelling), técnica de imagens mentais, indução de técnicas respiratórias, entre outras.
#atitude afetiva através de toques carinhosos e respeitosos, abraços e olhar empático,
# canto e musicalidade
#orações, rezas, outras práticas espirituais e transcedentais
#métodos comunitários integrando coletividade e individualidade
#intuitividade
#ênfase na naturaleza, atividades na praia, mata, em torno da fogueira
#compreensão sistêmica, manifestada nas dinâmicas, incluindo decodificação da linguagem corporal, vínculos familiares e ancestralidade.
A abordagem lembra muito o método fenomenológico das "Novas Constelações", de Bert Hellinger e que ainda estão em desenvolvimento na Hellinger Schule.
No cuidado individual e familiar, o Korihé inclui o toque terapêutico associado à respiração rítmica, massoterapia, reflexologia e saberes naturopáticos e fitoterápicos de sua cultura indígena.
A linha de ação 10 trata de promover empreendedorismo, autossuficiência e fortalecimento da economia solidária.
A linha de ação 11 incentiva o apoio institucional à Gestão do SUS.
As linhas de ação 6 e 12 tratam de vários aspectos da promoção da qualidade de vida.
As linha de ação 4 e 13 tratam do fortalecimento do processo de educação permanente, da integração dos trabalhos em equipe e da defesa dos princípios do SUS: a integralidade, universalidade e equidade, apoiando o MOVIMENTO EM DEFESA DO SUS.
A linha de ação 14 incentiva o marketing social e a arquivologia digital dos trabalhos sociais, especialmente os psicossociais, sem fins lucrativos em benefício da autosustentabilidade.
A linha de ação 5 promove a cultura da paz, a tolerância e a convivência cidadã, especialmente através dos "Círculos de Paz" da Justiça Restaurativa e está ligada à linha de ação 15, que promove inspiração, motivação e espiritualidade em todos os níveis possíveis e imagináveis, buscando uma atividade interreligiosa salutar e baseada no alicerce da liberdade de consciência e na comunicação não violenta.
A linha de ação 16 trabalha todos os aspectos e ferramentas que dizem respeito ao fortalecimento da família, a célula básica da sociedade e a importância da ancestralidade nesse processo.
Isso resume o que este movimento pretende promover na sociedade, em rodas presenciais e virtuais, mas não limita-se à isso. O movimento é dinâmico, sistêmico e se auto reconstrói, de acordo com as leis da natureza, que ainda não podem ser totalmente compreendidas ou controladas.