COMUNICAÇÃO TERAPÊUTICA COM ÊNFASE EM CRENÇAS COMUNS
A comunicação terapêutica é uma importante ferramenta para os profissionais de saúde. Sendo assim, exige competência e é considerada a principal intervenção da Enfermagem na Psiquiatria.
A comunicação terapêutica tem por objetivo reduzir o estresse e apoiar a resolução dos problemas da pessoa. Envolve: Empatia, Confiança Respeito Mútuo. Não devem ser usadas de forma repetitiva ou automática Devem ser individualizadas e usadas de acordo com o nível de compreensão de cada cliente que cuidamos, pois as pessoas são únicas e com cada uma delas, nos comunicaremos de maneira diferenciada.
Para iniciar é importante receptividade na chegada do cliente, não deixá-lo envergonhado por estar ali, por ter ido buscar ajuda; ter muita cautela pois o paciente já se encontra sensibilizado de alguma forma e pode se sentir ofendido não mais voltado para dar continuidade no tratamento.
Conseguintemente deve-se dar um tempo para o paciente organizar seus pensamentos. Em seguida, abordá-lo, cumprimentá-lo e questionar sobre o que ele gostaria de falar naquele momento, determinar o motivo pelo qual o cliente procurou ajuda. Posteriormente averiguar sobre o exposto (o que está te levando a pensar isso? É só isso mesmo ou você gostaria de falar também sobre outra coisa?), estabelecer aceitação e comunicação franca. Também nesse momento já estabelecer mentalmente um plano para dar continuidade na comunicação. Após averiguar sobre o motivo que o levou até ali, é importante também reformular o que ele o disse, verbalizando o que é observado ou percebido. Isto encoraja o cliente a reconhecer comportamentos específicos e a comparar percepções.
Ex.: E-Bom dia Sr.João. O que gostaria de falar comigo?
P- Eu estou com um problema: todos estão se afastando de mim, por que eu tenho dificuldade pra toma banho, não sinto vontade, não consigo entrar debaixo do chuveiro.
E- Entendo! O Sr. Acredita que tem uma causa específica para isso? É só isso mesmo?
P- Sim.
E- Então deixa eu ver se eu entendi: você não consegue tomar banho e isso está interferindo nas suas relações?
P- Sim. Todos estão se afastando, cheguei a questionar por que, dizem que eu estou com mau-cheiro. Eu sei disso, mas não consigo, sinto como se algo me impedisse, me sinto mal ao tentar.
É importante entre o diálogo estar demonstrando que está entendendo o que ele diz e incentivá-lo a continuar (entendo, continue! E depois?). Demonstrar uma relação de empatia com o cliente dizendo que entende ou que pode imaginar o que ele está sentindo e que está disponível incondicionalmente a ele, que quer vê-lo com na melhor condição possível e o quanto é importante a vinda dele até ali.
E- Entendo. Continue.
P- Nas poucas vezes que tentei minhas pernas tremeram e meu coração bateu forte.
E- Há quanto tempo o Sr. se sente assim?
P- Há alguns anos. Acho que desde quando minha mãe faleceu.
E- Sua mãe costumava te dar banhos quando criança?
P- Sim!
E- E como era esse banho? Você se sentia bem?
P- Ás vezes.
E- Como eram os banhos? Você se lembra?
P- Silencio.
P- Me sentia dolorido as vezes.
E- Onde você sentia dor?
P- Silencio.
P- No pênis. (cabeça baixa).
E- Então, quando sua mãe costumava te dar banhos quando criança você sentia dores em sua região genital?
P- Sim.
E- Eu posso imaginar como você está se sentindo. Imagino que essa situação não seja fácil, que esteja sendo difícil para você.
Posteriormente, deve-se expor ao cliente as crenças comuns. É uma fase onde muitos profissionais sentem dificuldade em realizar, pois é o momento de através de suas crenças irá ajudar o paciente a encontrar a solução para o seu problema, criando metas. É importante não dar opiniões, apenar questionar e o fazer refletir sobre. Dizer o que você pensa sobre e fazê-lo refletir é o ponto chave para uma edificação de crenças comuns. Logo após apresentá-lo uma resolução através de questionamentos, ou seja, indiretamente.
E-... Eu também acredito que essa situação vai se resolver, que você vai conseguir superar isso, pois o banho é muito importante na vida de uma pessoa, ela se higieniza, evita doenças, promove bem-estar e conforto, a pessoa se sente melhor, além de melhorar suas relações interpessoais.
E- Você gostaria de tentar e ver o resultado? O que você acha? Se sente preparado?
P- Tenho medo.
E- Eu posso estar também te encaminhando para um colega psicólogo que vai estar te orientando de como resolver essa situação. Você aceita?
P- Sim.
E- Muito obrigada por você ter vindo Sr. João. É muito importante para mim a sua visita, me coloco a sua disposição para qualquer coisa. E espero a sua visita novamente.
P- Obrigado.
Sendo assim para uma boa comunicação terapêutica deve-se utilizar do ouvir reflexivamente; Usar terapeuticamente o silêncio; Verbalizar a aceitação; Usar frases com sentido aberto ou reticente; repetir comentários ou últimas palavras ditas pelo cliente; Devolver a pergunta feita; Permitir ao cliente que ele escolha o assunto; Esclarecer dúvidas Solicitar ao cliente que esclareça termos incomuns; Repetir a mensagem do paciente; Pedir ao paciente para repetir o que foi dito; Resumir o conteúdo da interação. Tudo isso é dar um atendimento humanizado, acolhedor, criar confiança, vínculo, ter responsabilização pelo cliente, se preocupar e ser resolutivo.
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