Janine Macêdo Lima
DINIZ, Debora. "A casa dos mortos". Produtora de filmes sobre direitos humanos Imagens livres, 2009.
1 CREDENCIAIS DOS AUTORES
Debora Diniz é antropóloga, documentarista, professora da Universidade de Brasília e pesquisadora do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (ANIS).
2 RESUMO DA OBRA
O vídeo tem 24 minutos e relata como vivem os doentes mentais no Hospital de Custódia e Tratamento (HCT) de Salvador- BA, acompanhada pela poesia de Bubu, que fez o poema A casa dos mortos durante as filmagens do documentário, e falou dos mortos esquecidos dos manicômios judiciários. São três histórias em três atos de morte:
Cena 1- O suicídio de Jaime
Jaime é um dos internos do HCT, uma pessoa agressiva e usuário de drogas. Segundo Jaime, está é a segunda vez que foi para o manicômio, foi parar lá antes porquê cometeu homicídio. Ele cumpriu a pena pelo crime e voltou para casa, e teria praticado outro homicídio, devido ao consumo de álcool e entorpecentes. No manicômio praticou mais um homicídio, matou um colega de quarto, porquê o colega o provocou chamando-o de viado, e mostrando o pênis e o esperma para ele, além disso ele não havia tomado os seus remédios. Após 5 dias da entrevista, Jaime cometeu suicídio na ala onde estava dormindo sozinho.
Cena 2- O retorno de Antônio
Essa cena mostra a situação de Antônio, que já passou por vários manicômios judiciais. Durante a entrevista com a funcionária do HCT ela sugeriu ao Antônio que ele fosse tomar banho e cortasse as unhas, mas ele disse que não e que iria passar esmalte nas unhas e que iria usar batom. A funcionária disse que ali os homens não passam batom e nem pintam as unhas, mas ele afirmou que vai fazer mesmo assim.
Cena 3- A morte de Almerindo
Almerindo encontrava-se ali pelo crime de lesão corporal, que cometeu contra um menino de 14 anos que andava de bicicleta. Almerindo jogou uma pedra nele, e ele caiu, depois lançou a bicicleta sobre ele e saiu correndo. Após esse fato, ele não teve mais vínculos familiares, e nem de amigos, estava abandonado. Ao ser questionado sobre qual era seu nome ele disse que era o governador dos Estados Unidos, e depois quando questionado se Almerindo queria uma casa para morar, ele disse que Almerindo morreu.
3 CONCLUSÃO DA RESENHISTA
O vídeo "A casa dos Mortos" retrata a vida dentro do Hospital, e o título do documentário se remete a morte em vida, vivenciada pelos doentes mentais. A palavra morte significa ausência de vida, e para esses doentes essa definição de morte se encaixa perfeitamente, pois eles deixam de ter vida, ao perderem o controle sobre suas atitudes e pensamentos, o vínculo com familiares e amigos, e sentirem na pele a sensação de serem enterrados vivos em um manicômio.
Cada doente mental ali internado tem uma história de vida, uma família, sonhos e desejos. Mas quando são diagnósticos com um distúrbio mental tudo isso deixa de "existir", e eles são vistos como anti-sociais, e são abandonados e tratados como mortos.
Diante disso a reforma psiquiátrica foi tão sonhada e almejada, visando um tratamento mais humano e eficaz para os doentes mentais. Assim foi promulgada a lei n°10216, de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redirecionar o modelo assistencial em saúde mental.
A reforma Psiquiátrica tem como objetivo construir um novo estado social para o doente mental, que respeite os seus direitos e sua individualidade. Além de modificar o sistema de tratamento clínico da doença mental, eliminado gradualmente a internação como forma de exclusão social. Este modelo seria substituído por uma rede de serviços territoriais de Atenção Psicossocial.
4 CRÍTICA DA RESENHISTA
Hoje, apesar da existência dos CAPS ainda existem os hospitais manicomiais, para onde são mandados os doentes mentais com transtornos graves e que não fazem adesão ao tratamento. Na maioria dos manicômios ainda se percebe a falta de humanidade e respeito para com os doentes mentais. Eles são tratados de maneira coletiva e não individual e especifica para o seu problema, não tem atividades ocupacionais e são esquecidos pelos seus familiares, como mostrado no Conexão Repórter do SBT.O programa revelou através das câmeras escondidas a maneira desumana e cruel com que eram tratados os doentes mentais. Eles são deixados nus, com fome, sujos e entregues a própria sorte. Os profissionais que ali trabalham agem como se nada tivesse acontecendo, por medo de perder o emprego ou por achar que os doentes mentais não precisam ser tratados como cidadãos. Assim, é possível afirmar que a luta antimanicomial ainda não terminou.
5 INDICAÇÕES DA RESENHISTA
O vídeo tem por objetivo discutir sobre a maneira como vivem os doentes mentais no Hospital de Custodia e Tratamento de Salvador.
É interessante porquê mostra como vivem os doentes mentais de maneira direta, ou seja eles mesmo falam e mostram como vivem. Pelas cenas percebe-se a indignação, a tristeza e o abandono dos doentes, que tentam passar por cima disso através do convívio descontraído entre eles.
É indicado para os profissionais da área da saúde mental e também para o público em geral, que se interessam pelos dilemas que envolvem a vida dos doentes mentais.
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