A Reforma Psiquiátrica e a Sistematização da
Assistência de Enfermagem
O
movimento pela reforma psiquiátrica tinha como objetivo a luta pelos direitos
dos pacientes psiquiátricos em nosso pais. O que implicava na superação do
modelo anterior, o qual não mais satisfazia as pessoas. Sendo visto com uma
injustiça aos portadores de algum transtorno, eram tratados como animais
enjaulados, e eram colocados nos manicômios. Por isso a reforma psiquiátrica
veio com intuito de modificar o tratamento com o sistema de tratamento clínico
da doença mental, eliminando, de maneira gradual a internação como forma de
exclusão social.
A Reforma Psiquiátrica
pretende construir um novo estatuto social para o doente
mental, que lhe garanta cidadania, o respeito a seus direitos e sua individualidade, promovendo sua contratualidade (resgate
da capacidade do sujeito de participar do universo das trocas sociais, de bens,
palavras e afetos) e sua cidadania, inclusos aí não só seus direitos como seus
deveres como cidadão.
Reforma
Psiquiátrica no Brasil deve ser entendida como um processo político e social
complexo. Na década de 70 são registradas várias denúncias quanto à política brasileira
de saúde mental em relação à política de privatização da assistência
psiquiátrica, por parte da previdência social, quanto às condições (publicas e
privadas).
Em todo o Brasil cerca de
23 milhões de pessoas (12% da população) necessitam de algum tipo de
atendimento em saúde mental. Calcula-se que 6% deste total tenham transtornos
mentais bem estabelecidos e 3% tenha transtornos mentais graves e persistentes.
Segundo a Associação de Psiquiatria as doenças mais comuns dessa área estão
relacionadas à depressão, ansiedade e aos transtornos de ajustamentos.
Os
distúrbios mentais ou comportamentais também atingem mais de 400 milhões de
pessoas em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS)
mais de 60% dos países desenvolvem políticas públicas específicas para o
tratamento desses transtornos.
A
trajetória das políticas públicas para portadores de transtornos mentais no
Brasil caminha entre a exclusão histórica e o processo de reinserção desses
pacientes na sociedade, através da construção de uma rede de serviços
comprometida com a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas.
Em
2001, a aprovação da Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei 10.216/2001) iniciou um
novo processo no atendimento dos pacientes. A nova lei instituiu a substituição
do atendimento em hospitais psiquiátricos – que em muitos casos tinham
características asilares – por serviços abertos e de base comunitária.
A
rede substitutiva inclui a criação de Centros de Atendimentos Psicossociais
(Caps), Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf´s), residências terapêuticas e
ampliação no número de leitos psiquiátricos em hospitais gerais.
A
lei regulamenta os direitos do portador de transtornos mentais, veta a
internação em instituições psiquiátricas com característica de asilo e cria
programas que propõem um tratamento humanizado.
Contudo,
a reforma psiquiátrica é de suma importância, pois ela traz
desinstitucionalização com decorrente desconstrução do manicômio e dos
paradigmas que o sustentam. A
substituição progressiva dos manicômios por outras práticas terapêuticas e a cidadania do doente
mental vem sendo objeto de discussão, não só entre os profissionais de saúde,
mas também em toda a
sociedade. A reforma Psiquiátrica ainda não aconteceu
em muitos lugares, logo é um cenário desafiador, que deve contar com
profissionais verdadeiramente comprometidos na realização de seu trabalho.
A Sistematização da Assistência
de Enfermagem é a essência da prática da Enfermagem, instrumento e metodologia
da profissão, e como tal sempre ajuda o enfermeiro a tomar suas decisões,
prever e avaliar conseqüências. A elaboração da Assistência de Enfermagem é um dos
meios que o enfermeiro dispõe para aplicar seus conhecimentos técnicos,
científicos e humanos na assistência ao paciente e, caracterizar sua prática
profissional colaborando na definição do seu papel como profissional, ajudando
sempre na recuperação de um cliente apresentando algum transtorno psiquiátrico.
Para contextualizar a
sistematização de enfermagem de forma eficaz, é preciso que o enfermeiro, ao
utilizar o processo de enfermagem, enfocando o diagnóstico de enfermagem, tenha melhores subsídios para as intervenções na problemática dos aspectos
psicoemocionais apresentados pelos doentes mentais. Sendo assim a
sistematização de enfermagem psiquiátrica funciona como uma ferramenta útil e
importante que na tentativa de construir um exercício mais eficaz na enfermagem
psiquiátrica.
Conclui-se dizer que a SAE na psiquiatria é reflexo da
Reforma Psiquiátrica Brasileira, numa tentativa de compreender melhor o outro,
e buscar auxílios para a sua reinserção psicossocial.
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